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A arte pelo olhar do artista

 

Graduando de Desenho Industrial lança livro sobre produção cultural na Rocinha e é agraciado com prêmio Mostra PUC 2013 e o patrocínio do Jornal do Brasil para a distribuição de 500 exemplares

 

Um olhar sobre a arte que é pura arte. Pode ser definido assim o de livro Davison Coutinho, graduando de Artes e Design – Desenho Industrial - e Assistente de Direção do Núcleo de Estudos e Ação sobre o Menor (Neam), que produziu Um olhar sobre a produção cultural na Rocinha, em seu trabalho de conclusão de curso.

Lançado com o apoio do Neam, no Anfiteatro Junito Brandão - campus da PUC-Rio - o livro recebeu o prêmio Mostra PUC 2013 e foi contemplado pelo Jornal do Brasil com o patrocínio de um lançamento na Rocinha que
distribuirá 500 exemplares.

 

Segundo o autor, que também é colunista do JB, o trabalho é uma tentativa de mostrar à sociedade que a comunidade é muito mais do que violência, e de apresentar valores e aspectos culturais do local: a relação de proximidade entre os moradores e sua produção, visando contribuir para uma melhor imagem da comunidade, redução do preconceito e melhoria da autoestima dos moradores, amenizando o estigma recebido por parte da sociedade e incentivando ainda mais a cultura na Rocinha.

 

Davison conversou com a Assessoria de Comunicação da Vice-Reitoria Acadêmica sobre esse trabalho, sua trajetória e projetos de vida.

 

 

Assessoria de Comunicação/Vrac: Como surgiu a ideia de publicar o livro?

 

Davison Coutinho: Sempre fui muito preocupado com a fama e sobre o que falavam do lugar em que eu amava morar, apesar dos pesares. Mesmo com a atual glamourização da Rocinha, a comunidade ainda vem sendo vista por algumas pessoas como local de marginais. Essa inquietação me motivou a desenvolver um projeto que mostrasse justamente o que as pessoas ainda não conhecem e nem imaginam que é produzido nesse celeiro de pessoas bem humoradas, esforçadas, trabalhadoras e que enfrentam as maiores dificuldades no seu dia-a-dia para ter uma vida digna.

 

Durante os anos em que atuo no Núcleo de Estudo e Ação sobre o Menor (Neam), tive a oportunidade de trabalhar em muitas criações e publicações da professora Marina Moreira, psicóloga e diretora do Núcleo, e da (falecida) professora Maria Helena Novaes, da Psicologia. Isso me deu a maior força e segurança para desenvolver um livro.

 

 </STRONG>A partir da esquerda: professora Ligia Figueiredo, diretora da escola municipal Christiano Hamann, Davison Coutinho, Elizia Pirozzi, líder comunitária na Rocinha e Marina Moreira, do NEAM<STRONG>
A partir da esquerda: professora Ligia Figueiredo, diretora da escola municipal Christiano Hamann, Davison Coutinho, Elizia Pirozzi, líder comunitária na Rocinha e Marina Moreira, do NEAM

 

Ascom/Vrac: Conte um pouco sobre sua trajetória na PUC. O que o motivou a fazer o curso de Design? Qual a sua habilitação? 

 

D.C: Moro na Rocinha desde que nasci. Sempre fui muito curioso e sempre gostei de trabalhar, comecei ainda criança, com meu pai, cortando cabelo em seu salão. A minha inquietação, porém, não me permitia ficar apenas nesse trabalho e, assim, fui à busca de novos conhecimentos, quando encontrei o Neam. Tinha apenas 12 anos e mergulhei em um poço de saberes; descobri minha vocação e fui estudar desenho industrial, com habilitação em comunicação visual. Ao completar 18 anos, fui convidado a me tornar funcionário do Neam.

 

Ascom Vrac: Dentre os artistas e obras apresentados no seu livro, quais são seus preferidos?

 

D.C: Na verdade, o livro apresenta apenas 12 grupos que desenvolvem projetos culturais, mas esse número é bem maior. Pesquisei 47 grupos, no entanto, precisei fazer um recorte com 12, e este já foi um critério baseado na minha preferência e na repercussão dos grupos na comunidade. Posso destacar o grupo de valsa, que faz um trabalho belíssimo e é liderado pela educadora Elizia Pirozzi, que iniciou a ponte da Rocinha com a PUC há mais de 30 anos.

 

Ascom/Vrac: Fale sobre a expressão artística em sua comunidade.

 

D.C: A Rocinha tem uma riqueza e uma grande fertilidade para criação cultural: artes plásticas, música, dança, esporte, teatro, educação, mídias comunitárias entre muitas outras formas de expressão, algumas vezes nem conhecidas ou reconhecidas como cultura.

 

Nessas ruas, becos e vielas, tudo vira palco para a arte. E nem mesmo a falta de infraestrutura impede que as manifestações culturais persistam, fortalecidas pelo ideal de tornar as pessoas mais felizes, oferecendo uma vida interessante e com grande responsabilidade cultural.

 

É um imenso prazer e satisfação poder transitar na Rocinha e me deparar com pequenos grupos que, de alguma forma, estão contribuindo para a formação cultural de crianças, jovens, adultos e idosos, que através da arte encontram um desafio, uma nova forma de vida. A cultura consegue abrir as mentes para o novo e assim vencer as barreiras, enfrentando desafios. A libertação vem como resultado de um viver criativo e cheio de emoções, permitindo o esquecimento das grandes dificuldades, e dando a esperança ao amanhã e à arte a expressão do realizar.

 

Ascom/Vrac: Planos para o futuro?

 

D.C: Estou me preparando para continuar estudando através da pós-graduação na PUC, de modo a poder seguir carreira acadêmica. Quero continuar contribuindo cada vez mais para a formação dos jovens que atendemos no Neam, oferecendo a eles as condições que tive para sair da escola pública, fazer cursos, e concluir o ensino superior na melhor universidade privada do país.

A matéria do Jornal do Brasil pode ser acessada no endereço:

http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2013/09/03/um-olhar-sobre-a-producao-cultural-na-rocinha/

Por Renata Ratton

Assessoria de Comunicação

Vice-Reitoria Acadêmica

 

Publicada em: 26/09/2013

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