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Tela que abraça

 

Projeto de aluno de Design em Mídias Digitais expande sentidos e vence edital do Instituto Rio patrimônio Histórico e será exposto na Galeria D, do Centro Carioca de Design

 

Tudo começou em 2008, numa disciplina do curso de Design em Mídias Digitais, quando o aluno Rafael Crespo recebeu a encomenda de elaborar uma interface que tratasse da expansão de algum dos cinco sentidos humanos. O projeto elaborado para a disciplina, intitulado Tangima – de imagens tangíveis – foi retomado em 2012, na conclusão da graduação, quando evoluiu e transformou-se em um software inovador, que tornará possível sentir, pelo toque, objetos e pessoas ‘virtuais’ - que estão dentro da tela do computador.

Tangima foi o vencedor do edital criado pelo Instituto Rio Patrimônio Histórico, destinado a projetos de estudantes e recém-formados em de Arquitetura, Artes ou Design, cuja proposta era selecionar e premiar trabalhos para exposição na Galeria D, do Centro Carioca de Design.

Sobre o Tangima, o concurso e outras oportunidades, Rafael conversou com a Assessoria de Imprensa da Vice-Reitoria Acadêmica.

 

Assessoria de Comunicação / Vice-Reitoria Acadêmica: Qual o nome do projeto a ser exposto no Centro Carioca de Design? Como nasceu e de que consiste?

Rafael Crespo - O nome do projeto é Tangima, em alusão a imagens tangíveis. A ideia nasceu em 2008, em um trabalho de G2 para a disciplina Design e Expansão dos Sentidos, obrigatória no currículo de Design de Mídia Digital. A proposta era elaborar uma interface que tratasse da expansão de algum dos cinco sentidos humanos. Anos mais tarde, em 2012.2, resolvi resgatar essa ideia e levá-la para o meu projeto final de graduação, sob a orientação do professor Bonelli, que ministrava a citada disciplina.

O conceito por trás do Tangima foi o do desenvolvimento de projeto/protótipo de um display/monitor/tela capaz de exibir imagens em relevo. As telas planas com que interagimos hoje em dia são constituídas de minúsculos pontos luminosos, os pixels. Esses pixels, porém, não conseguem exibir nada além de cores. Se eu conseguisse projetar pixels com mobilidade, obteria, então, uma tela que exibisse não somente cor, mas profundidade, relevo. Desta forma, seria possível sentir, pelo toque, objetos e pessoas ‘virtuais’, que estão dentro da tela do computador.

Em 2008, pensei que esse desenvolvimento seria útil para cegos e outras pessoas com deficiência visual, que poderiam tatear imagens e textos digitais. Ao retomar a ideia no meu projeto final, eu e o professor Bonelli optamos por expandir o escopo, pois acreditamos que uma tela volumétrica teria inúmeras possibilidades de uso, inclusive para pessoas sem nenhuma deficiência. Por exemplo, não seria incrível se pudéssemos tocar, sentir alguém a distância, durante uma conversa no Skype? Não seria incrível se a parede de uma casa de shows e eventos fosse composta por um display que muda de cor, interage com as pessoas e muda de forma, dançando conforme a música?

A grande relevância deste projeto está no fato de estarmos limitados a interfaces de interação com o computador - mouse, teclado e monitor -, que, em geral, foram projetadas há mais de 40 anos. Acredito que é papel do designer, especialmente do designer de mídia digital, repensar estas formas de interação, pensando na experiência do usuário e em todo o seu potencial sensorial que está sendo desperdiçado.

Grandes empresas têm investido em pesquisar novas interfaces de interação com o computador, como a Microsoft, com o Kinect, e a Google, com o Google Glass, mas, em minha opinião, ainda é pouco, especialmente do ponto de vista sensorial, onde diversos sentidos ainda não estão sendo explorados (tato, olfato e paladar).

 Ascom/Vrac - De que consistiu o edital e qual foi sua motivação e expectativa ao participar do concurso?

R.C: Criado pelo Instituto Rio Patrimônio Histórico, o edital era destinado a projetos de estudantes e recém-formados em de Arquitetura, Artes ou Design. A proposta era selecionar e premiar trabalhos para exposição na Galeria D, do Centro Carioca de Design, destinando uma verba de R$150.000,00 para no máximo cinco projetos selecionados (máximo de R$30.000,00 por projeto).

Antes de saber do edital eu já estava buscando alguma forma de arrecadar recursos para dar continuidade ao desenvolvimento do Tangima. Quando soube do edital, acreditei que seria uma oportunidade perfeita para aprimorar o produto e ainda ganhar um espaço de exposição que traria muita visibilidade. Fiquei muito feliz em saber que havia sido selecionado em primeiro lugar.

 Rafael: "não seria incrível se pudéssemos sentir alguém a distância?" 
 Rafael: "não seria incrível se pudéssemos sentir alguém a distância?" 

Ascom/Vrac: Como a Universidade o auxiliou, direta ou indiretamente, no desenvolvimento do projeto premiado?

R.C: Antes de tudo, é importante dizer que sou bolsista integral, e que, sem essa bolsa, nada disso teria acontecido. Portanto, em primeiro lugar dedico diretamente este prêmio à Vice-Reitoria Comunitária.

O curso de Design em Mídia Digital da PUC-Rio é pioneiríssimo. Que eu saiba, é o único curso de graduação com estrutura e corpo docente mais do que preparado para o desenvolvimento de trabalhos na área de design e interação e interfaces tangíveis, como o Tangima. Seria impossível o desenvolvimento desse projeto sem acesso aos laboratórios de Interfaces Físicas e Experimentais (Life) e Prototipagem. O Núcleo de Experimentação Tridimensional (Next), apesar de destinado aos alunos de pós-graduação, também ajudou muito permitindo a impressão de testes de peças do Tangima em impressoras 3D.

Eu nunca pensei em trabalhar com esta área. Foram disciplinas como Design e Expansão dos Sentidos, Interfaces Físicas e Experimentais e Objetos Inteligentes, obrigatórias do currículo de Mídia Digital, que me mostraram o caminho. Sem o acesso elas - e vale dizer que não conheço nenhum outro curso de graduação que as ofereça -, o Tangima não teria sido concebido.

Ascom/Vrac - Quais são seus planos para o futuro? Uma pós? Mercado de trabalho? Os dois? 

R.C: Formo-me no final deste ano. Estou estudando inglês e me preparando para um mestrado fora do país, focado em Design e Tecnologia, mas gostaria de ingressar somente em 2015. Para 2014, quero aproveitar a verba do edital para dar continuidade ao Tangima. O site do projeto (https://tangima.wordpress.com/) está documentando todo o processo. Eu já distribuí gratuitamente o software, desenvolvido em código aberto, e o desenho técnico de todas as peças, caso alguém se interesse por desenvolver o seu próprio Tangima.  Eu quero usá-lo como um projeto que vai justamente me dar visibilidade. Quanto mais pessoas se envolverem e tiverem acesso, melhor. Também espero que alguém se interesse pelo protótipo, pegue a ideia e desenvolva melhorias. Além disso, estou começando a organizar, junto a outros estudantes, a conferência Design, Arte e Tecnologias Emergentes (DATE), para o ano que vem.

Por Renata Ratton

Assessoria de Comunicação

Vice-Reitoria Acadêmica

Publicada em: 16/10/2013

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