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Professor José Roberto Boisson de Marca, do Centro de Estudos em Telecomunicações, toma posse como Presidente do IEEE

Tecnologias emergentes, interação com a indústria, qualidade e rigor nas atividades do Instituto estão entre as grandes metas de uma gestão já considerada inovadora

 

Foto da chamada: Presidente do IEEE recebe, das mãos da princesa Sumaya bint El Hassan, da Jordânia, placa comemorativa da visita à Princess Sumaya Univerisity of Technology - PSUT - Crédito: Divulgação

 

 

 

Após exercer o cargo de Presidente-Eleito, ao longo de 2013, o professor José Roberto Boisson de Marca, do Centro de Estudos em Telecomunicações (Cetuc), da PUC-Rio, tomou posse como Presidente do Institute of Electrical and Electronics Engineers, IEEE, cargo que já foi ocupado por ninguém menos que Alexander Graham Bell. O feito é também histórico: em quase um século e meio de existência, o Instituto nunca teve um CEO que não se originasse da América do Norte.

 

Na condição de Presidente-Eleito, experiências multiculturais, encontros com pesquisadores e visitas a indústrias da mais alta tecnologia fizeram parte de seu cotidiano, sugerindo novos objetivos para sua gestão, mas também, e principalmente, reafirmando diretrizes já assumidas quando da eleição, no final de 2012. Cloud Computing, Life Sciences, Green Technology, Smart Living continuam na ordem do dia, agora somadas a áreas que emergiram rapidamente como a Internet Governance.

Segurança na Internet foi, de fato, um dos temas que mais despertaram o interesse do IEEE e do mundo, ao longo do ano passado, após os sucessivos escândalos envolvendo a espionagem americana. Como encontrar uma maneira de gerenciar a Internet, como lidar com a questão da privacidade e como contornar as dificuldades para a proteção dos dados tornaram-se questões de ordem prioritária.

- Todos ficaram chateados, mas os Jardins Murados da China - i.e., a Internet controlada - não parecem ser uma boa proposta. O IEEE conta com um corpo técnico de pessoas de altíssimo nível na área de segurança, além de ter a vantagem de ser neutro. Desta forma, pode fazer uma mediação do debate mundial, em busca de soluções. Além disso, o IEEE abriga uma entidade muito forte de padronização, capaz de apontar quais serão os padrões de comunicação. Ou seja: é possível criar todo um embasamento científico e técnico para as questões políticas de governança na Internet, sublinha Boisson. A Internet das Coisas (Internet of Things) constitui outro ponto focal para o investimento em pesquisa:

- Nos próximos anos, vai aumentar muito a comunicação entre as pessoas na Internet, que também abrigará ‘coisas’ inteligentes, como os sensores. A previsão é de que, até 2020, tenhamos cerca de 50 bilhões de 'coisas' na Internet. O mundo todo terá sensores em um espaço de tempo muito curto, coletando todo o tipo de informação. Isso vai mudar radicalmente a forma como as pessoas se relacionam com seu entorno, e o problema da segurança e da privacidade aumentará exponencialmente, observa.

Roupas com sensores de temperatura, pulseiras indicando a pressão arterial - que poderão se conectar com o médico em caso de alteração drástica – ou óculos do tipo Google View são apenas alguns exemplos de desenvolvimentos. “É preciso pensar, desde já, em tudo isso; nos próximos cinco anos, será tarde demais”.

A preservação do conhecimento é mais um grande desafio que suscita debates interdisciplinares e pesquisa:

 

- Como garantir a perpetuação da história e da memória? Como ter acesso às tecnologias atuais no futuro quando elas não existirem mais? Toda essa quantidade gigantesca de dados será perdida? Como preservar um software? Como abrir os arquivos de hoje num programa de 2100, por exemplo? Quem será o responsável por permitir isso no futuro? O IEEE, cujo banco de dados conta com mais de três milhões de arquivos, tem que pensar nestas soluções. Em termos científicos, essas perdas seriam um grande prejuízo à humanidade, alerta o professor.

 

Viagens e Visitas - Países da África, Ásia, e, mais recentemente do Oriente Médio, estão entre as constantes viagens de Boisson desde o ano passado. Do ponto de vista do IEEE, ele explica que se pode dividir a África em três áreas distintas: o Sul, que tem um grupo forte, a Subsaariana e a do Norte, onde existe a maior concentração de membros do IEEE, especialmente no Egito. Na região central, o contingente mais expressivo se localiza na Nigéria, entretanto com muitos problemas de segurança e gestão.

- Queremos ajudar a África, mas é difícil encontrar um meio. Uma tentativa será melhorar a parte de ensino, de formação de recursos humanos. Gostaria, também de ajudar a desenvolver tecnologias específicas para países menos desenvolvidos, por exemplo, relacionadas à geração de energia. Na Tanzânia, se não me engano, menos de 15% das casas têm acesso à energia elétrica. A gente desenvolveria e depois algum empresário tomaria pra si a tarefa de dar continuidade. É uma questão de empreendedorismo, senão não vai pra frente, enfatiza o professor.

Em Pretória, na África do Sul, o Instituto investiu na construção de pequenas salas de museu de ciência. São feitas demonstrações de equipamentos, montadas experiências. “O principal museu fizemos em Hyderabad, na Índia. A partir daí, fizemos outro em Montevidéu, e agora queremos fazer um em Nairóbi, Quênia”. 

Já na China, o novo Presidente do IEEE esteve por duas vezes. Ele ressalta a importância do país, sublinhando visitas feitas à Microsoft e à IBM e uma reunião com oito universidades de Pequim.

- Na oportunidade, também, fui convidado para abrir o Global IPv6 Summit 2013 (IPv6 é a versão mais atual do Protocolo de Internet). Em breve, a China passará a adotar o IPv6, e é de interesse do governo chinês estar à frente tanto na parte técnica, do controle da rede, quanto na do novo protocolo. Outra coisa que China tem chance de liderar é o desenvolvimento da quinta geração de celulares. Há uma quantidade enorme de institutos, muitas empresas e investimento em pesquisa.

 

Além das corporações na China, empresas pequenas da Finlândia, como a Canatu, também impressionaram o professor. “Eles estão construindo displays a partir de nanoestruturas à base de carbono. Trata-se de um dispositivo mais transparente, flexível, e de melhor qualidade, mas ainda caro”.

Boisson ressalta ainda como marcantes as visitas às sedes da Google e da Microsoft, à Nokia e à Kone, as últimas na Finlândia, sendo a Kone fabricante mundial de elevadores e escadas rolantes. “Estão em desenvolvimento elevadores que lerão crachás e levarão as pessoas a seus andares. O crachá é programado para identificar a pessoa e existe um sensor de movimento, que sabe que ela está aguardando. Certamente essa tecnologia será associada à de smartbuildings”, comenta. E acrescenta:

 Boisson entrega medalha do IEEE a Steve Wozniak, co-fundador da Apple - Crédito: divulgação</STRONG><STRONG> 
 Boisson entrega medalha do IEEE a Steve Wozniak, co-fundador da Apple - Crédito: divulgação 

- O negócio de smartcities está começando a acontecer, há tentativas em várias cidades do mundo. Em minha gestão, decidimos que o IEEE vai apoiar cerca de dez, a primeira em Guadalajara, México. É uma experiência que está começando agora, estamos financiando alunos, conta.

Foi ele próprio que negociou o incentivo em março de 2013, quando foi visitar a seção do Instituto naquela cidade. A parte principal é que o governo concordou em ceder o Centro Histórico de Guadalajara para ser transformado em cidade digital. “As empresas que vão trabalhar lá são de tecnologia de ponta. E o projeto tem apoio municipal, estadual e federal”, comenta.

Gestão inovadora – Boisson conta que o Instituto, de forma inovadora, está criando comitês para alavancar questões importantes da atualidade, como a do empreendedorismo.

Com uma equipe que inclui um inglês, um indiano, um português e um brasileiro, o objetivo é, em espírito global, criar atividades que ajudem os empresários a negociar financiamentos e a tornar suas empresas rentáveis.

Pela primeira vez, um Presidente-Eleito do IEEE criou comitês para auxiliar na gestão estratégica do Instituto: além do já citado, voltado ao Empreendedorismo, o professor Boisson está negociando a criação de um comitê composto apenas por executivos de empresas transnacionais, que vai discutir as tecnologias que o IEEE deverá utilizar, se envolver e investir nos próximos anos: “é essencial pensar como podemos incorporar essas novas tecnologias, o mais rapidamente, nas operações do Instituto. Ninguém nunca tinha feito isso”, enfatiza.

Os comitês têm espírito global, e seu objetivo é fazer recomendações à diretoria sobre que tipo de atividades deverão ser criadas, em que segmentos investir, que pessoas atrair. Há, ainda, outros dois comitês, versando sobre a questão da redução de despesas internas e a inserção na área de serviços para jovens profissionais da área de tecnologia.

- Estamos pensando, agora, em relação à indústria. Para a universidade, a gente criou um grupo que trabalha na questão de como um professor jovem pode gerenciar sua carreira. Isso existe e está funcionando. Agora estamos pensando nos alunos que se formam e vão para o mercado porque, hoje em dia, o ambiente profissional é muito distinto daquele de 20 ou 30 anos atrás.

A IEEE Presidents’ Change the World Competition é mais uma aposta de sucesso. A premiação reconhece e gratifica estudantes que identifiquem um problema real no mundo e apliquem engenharia, ciência, computação e características de liderança para sua solução.

Reunião global – Em maio, os CEO´s das mais importantes empresas do mundo estarão reunidos com o IEEE para discutirem o futuro. A intenção é ouvir as necessidades das empresas e definir qual será o papel do IEEE nos próximos dez anos no cenário tecnológico. “Uma instituição com a influência, prestígio e alcance global do IEEE deve também dedicar atenção e recursos a soluções tecnológicas para os grandes problemas que afetam a humanidade. As oportunidades existem, o IEEE é reconhecido mundialmente como um instituto que prima pela qualidade e rigor em suas atividades; temos, portanto, o propósito de contribuir continuamente para uma sociedade cada vez melhor”, finaliza.

 

Sobre o IEEE

O IEEE é a mais representativa sociedade técnico-profissional internacional dedicada ao avanço da teoria e prática da engenharia nos campos da eletricidade, eletrônica e computação. Congrega mais de 400 mil associados, entre engenheiros, cientistas, pesquisadores e outros profissionais, em cerca de 160 países, reunidos em 38 sociedades técnicas e sete conselhos técnicos. O IEEE está à frente das maiores e mais importantes tecnologias na área de telecomunicações, computação e engenharia elétrica, como 3G, Wireless, Banda Larga, Internet, Cloud Computing e Smart Grid (rede inteligente de cobrança de energia elétrica), por exemplo.

 

 

Por Renata Ratton

Assessoria de Comunicação

Vice-Reitoria Acadêmica

Publicada em: 06/03/2014

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